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outro lado
Dirceu e governo negam benefício a grupo privado
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro José Dirceu
disse em evento do PT em
São Paulo que a consultoria
prestada a Nelson dos Santos, dono de parte da Eletronet, não tratou da empresa.
Dirceu disse que não mencionou, durante o período
em que prestou serviços ao
empresário, o plano de banda larga do governo (PNBL).
"[Quando era ministro], já
tinha uma discussão porque
a Eletronet já estava com os
problemas que têm hoje. E a
orientação é a mesma, que o
país precisava ter acesso às
fibras ópticas e precisava de
um plano de banda larga.
Que o governo tinha que
cumprir um papel. Isso foi
evoluindo no governo, inclusive depois que eu saí", disse.
Segundo ele, a consultoria
se referia ao mapeamento de
cenários de investimento na
América Latina. Dirceu afirmou que não considera que
seu trabalho como consultor
de empresas o coloque em
"terreno delicado". "Não dou
consultoria para nada que se
relacione com o governo.
Não há perigo", afirmou.
Disse ainda que sua posição sobre o futuro da Eletronet não coincide com interesses privados. "Sempre defendi que a rede da Eletronet
fique com o governo." Em
seu blog, escreveu que os
conflitos serão decididos na
Justiça e que é uma disputa
"sobre a qual nem eu nem
qualquer cidadão tem condições de interferir".
Ele atacou reportagem de
ontem na Folha, que revelou
pagamento de R$ 620 mil
por consultoria feita a Santos e negou a possibilidade
de o empresário receber R$
200 milhões com a reativação da Telebrás.
"Existe oposição ao Plano
Nacional de Banda Larga por
parte da Folha. Oposição
política e ideológica a várias
propostas que o governo faz,
como ao PNBL, porque entende que essas propostas
têm um caráter que o país
não deve ter."
Questionado sobre onde
ele identificava essa oposição, respondeu: "Evidentemente existe interesse das
telefônicas, das TVs abertas,
porque do que estamos falando? De um mercado de
bilhões e bilhões de reais.
Vamos supor que se crie a
Telebrás. Se as empresas do
governo passam a trabalhar
com a Telebrás, [isso] sai das
empresas de telefonia. É disso que se trata a discussão."
Posição do governo
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, questionado
ontem no México, disse que
as informações sobre o caso
não procedem e remeteu o
assunto para a AGU (Advocacia-Geral da União). O órgão, por sua vez, disse que o
uso de fibras ópticas estatais
no PNBL não beneficiará os
sócios da Eletronet. A AGU
também afirmou que a caução apresentada pela Eletrobrás para obter na Justiça a
posse da rede na massa falida
da Eletronet não beneficia os
sócios.
"A caução atenderá exclusivamente a eventuais direitos de credores da Eletronet,
e não dos seus sócios", afirmou a AGU.
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